Thursday, November 04, 2010

Entendendo a China - lista de leitura

- Os Analectos;
- Os Analectos;
- Os Analectos;
- Depois que cansar de ler os Analectos, ler de novo.

-Romance dos Três Reinos;
-Os Pântanos do Monte Liang;
- Os poemas de Du Fu;
- O Shi Ji.

Thursday, August 05, 2010

Virei mestre...

... mas não aceito que me tratem de "mestre". Nem por escrito.

Tuesday, June 15, 2010

Tirando a poeira do blog, uma citação de Shakespeare, porque esse é o melhor trecho do Shakespeare, e quem não acha que esse é o melhor do trecho dele

... vai se danar.

"Once more unto the breach, dear friends, once more;
Or close the wall up with our English dead.
In peace there's nothing so becomes a man
As modest stillness and humility:
But when the blast of war blows in our ears,
Then imitate the action of the tiger;
Stiffen the sinews, summon up the blood,
Disguise fair nature with hard-favour'd rage;
Then lend the eye a terrible aspect;
Let pry through the portage of the head
Like the brass cannon; let the brow o'erwhelm it
As fearfully as doth a galled rock
O'erhang and jutty his confounded base,
Swill'd with the wild and wasteful ocean.
Now set the teeth and stretch the nostril wide,
Hold hard the breath and bend up every spirit
To his full height. On, on, you noblest English.
Whose blood is fet from fathers of war-proof!
Fathers that, like so many Alexanders,
Have in these parts from morn till even fought
And sheathed their swords for lack of argument:
Dishonour not your mothers; now attest
That those whom you call'd fathers did beget you.
Be copy now to men of grosser blood,
And teach them how to war. And you, good yeoman,
Whose limbs were made in England, show us here
The mettle of your pasture; let us swear
That you are worth your breeding; which I doubt not;
For there is none of you so mean and base,
That hath not noble lustre in your eyes.
I see you stand like greyhounds in the slips,
Straining upon the start. The game's afoot:
Follow your spirit, and upon this charge
Cry 'God for Harry, England, and Saint George!'"

- Henry V

Sunday, April 25, 2010

This... is CNN. NOT.




Quando entrei na faculdade de História, os conhecidos professores de História Contemporânea falavam dez frases. Das dez, nove eram críticas à CNN. Que, dos três professores de História Contemporânea, apenas um soubesse inglês e conseguisse entender o que Larry King estava falando é um pequeno detalhe (como também o é a existência da "adoração abjeta", tão bem descrita por Nelson Rodrigues, sobre Sartre) - que tal professor tenha saído do departamento de História não foi apenas uma atitude sintomática, como também inteligente.


Mas enfim. A CNN. Era tratada como instrumento do imperialismo estadunidense, toda aquela retórica do marxista doido que eu não tenho estômago para repetir. "Guerra virtual do Iraque" (a primeira Guerra do Golfo, bem lembrando), "defesa dos interesses estadunidenses" e tudo o mais.


(Eles não contavam com a Fox News! Eles não conseguem sequer escutar a Fox News! Vocês não imaginam como eu invejo alguém que nunca escutou a Fox News!)


A CNN não é nada disso. Criticá-la por sua pretensa defesa do imperialismo estadunidense é equivocado, caso o interlocutor saiba inglês, e intelectualmente desonesto, caso não o saiba.


O grande problema da CNN é que ela prega o jornalismo isento. Tal como a Veja. A afirmação de que exista o jornalismo isento é ridícula: a Veja obviamente não o pratica.


Mas a CNN vai além: ela tenta, conscientemente, praticar o jornalismo isento. O resultado é a programação bisonha da emissora, que tenta fazer com que qualquer assunto seja tema de "debate". A imposição do governo do Texas de, entre outras peripécias, expurgar o nome de THOMAS JEFFERSON do ensino escolar das escolas estaduais é vista com "neutralidade": isto é, convida-se algum historiador que defenda o evidente - Thomas Jefferson é provavelmente o mais influente dos Pais Fundadores - e um enlouquecido que defenda o indefensável, o expurgo do nome daquele que é o pensador mais influente da democracia moderna (pois a democracia ocidental tem um forte perfil jeffersoniano). E trata a situação como se ela merecesse algum debate! O governador de algum Estado sulista (acho que a Virgínia; posso estar errado, mas estou com preguiça de checar) declarou que abril seria o "Mês da História Confederada", e o que a CNN faz? Convoca um debate!


E a posição da CNN é sempre a de uma covarde "via média". Se uma posição afirma "0", e outra afirma "10", a CNN com certeza vai afirmar, invariavelmente, "5".


Dito de outra forma: o jornalismo da CNN é a mesma coisa que sexo para um eunuco. É uma coisa totalmente anódina, inofensiva; não é anti-intelectual (como a Fox News o é), mas "aintelectual". É direcionado para o dorminhoco americano do Meio-Oeste, aquele habitante de uma cidade do Montana ou do Idaho profundo, de 50.000 habitantes, quando este não se dá o trabalho de agir (quando age, age de maneira enlouquecida, formando grupos do Tea Party), não para o indivíduo esperto e conectado de Los Angeles, São Francisco, Seattle ou Nova York (estes últimos, mais espertos e cosmopolitas do que quaisquer outros no mundo. Se você acha que Paris é mais intelectualmente significativa do que Nova York, o suicídio não é apenas um dever como é, também, uma virtude, no seu caso).


Talvez esta estratégia tenha funcionado nos EUA da década de 90, gordos e inativos, frente à glória de serem a única superpotência do mundo, tendo bebido profundamente do cálice da schadenfreude frente à "estagnação" econômica da Europa, a estagnação econômica do Japão, uma prosperidade econômica importante (mas não sem precedentes) e ao completo colapso da Rússia de Yeltsin.


Os EUA da década de 10, humilhados pelos seus fracassos no Iraque e no Afeganistão, abalados por uma crise econômica que, na sua hubris, achavam que eram imunes, frente a uma China que parece que lhes irá engolir daqui a pouco tempo (historicamente falando: isso é uma promessa futura, mas a própria idéia de "América" depende intrinsecamente de uma idéia de "futuro", futuro este que parece bem menos promissor hoje do que em 1990, em 2000 e mesmo em 2005) e a uma América Latina que lhes escapa do controle (não falo do folclórico Chavez, mas do Brasil e do Chile), frente à Rússia de Putin, tendo sofrido não apenas um, mas dois governos da Besta, rejeitaram totalmente tal espécie de jornalismo, seja pela esquerda inteligente (MSNBC), pela esquerda estúpida (Moveon.org) ou pela direita estúpida (Fox News. A direita inteligente deixou de existir como força política relevante nos EUA há muito. Ross Douhat e Andrew Sullivan são indivíduos inteligentes de direita, mas apenas indivíduos).


Resultado: em uma época de declínio, e mesmo colapso, dos veículos tradicionais de mídia dos EUA, o caso CNN é muito pior que o da média. Você sabe que está numa pindaíba danada quando o New York Times parece ser um veículo vibrante, cheio de energia (e de grana) em comparação contigo. A CNN perdeu quase 50% de sua audiência desde 2009. O aluno neófito de História de 2010, caso se depare com as mesmas críticas que eu escutei em 2002/03, não apenas enfrentará uma crítica equivocada (ou mesmo estúpida, no caso dos gloriosos professores monolingues - dialeto e espanhol não são línguas), como também irrelevante. O modelo de jornalismo da CNN parece destinado à lata de lixo da História.

Thursday, April 15, 2010

Sobre o amor

"Você já amou?"

"Pode ser."

"Não é horrível?"

"Como assim?"

"Você fica tão vulnerável. Abre o peito e o coração. Qualquer um pode entrar e bagunçar tudo. Você constrói tantas defesas. Passa anos construindo uma blindagem completa para que nada te possa machucar, até que uma pessoa idiota, igual a qualquer outra pessoa idiota, aparece na sua vida idiota... Você dá a essa pessoa um pedaço seu. E ela nem pediu. Certo dia, ela faz alguma bobagem como te beijar, sorrir para você, e então sua vida não é mais sua. O amor faz reféns. Entra em você. Corrói você por dentro e te deixa chorando no escuro, de modo que uma frase simples como 'melhor continuarmos só amigos' ou 'mas que perspicaz' vira um caco de vidro que se enterra no coração."

"Que pitoresco."

"Dói. Não só na imaginação. Não só na mente. Dói na alma. No corpo, rasga você por dentro. Nada deveria ter esse poder. Principalmente o amor. Odeio o amor."

"Acho que preferia quando você reclamava estoicamente de não sentir nada, minha neta."

- Neil Gaiman, Sandman, Entes Queridos.

Monday, October 12, 2009

Um problema da democracia representativa

A democracia representativa não é perfeita (insira aqui a frase fácil do Churchill sobre a democracia - entendida como democracia representativa - ser o menos pior dos sistemas políticos e blá blá blá).

O diabo dela é que ela, por definição, tem que representar - o quê? Bom, a sociedade, entendida aqui como o total de habitantes que vivem em determinado país, e que recebem (ou deveriam receber) uma certa quantidade de representatividade no poder (da maneira como a sociedade democrática organizou seus poderes, no poder legislativo).

E o diabo, o diabo, é que tem muita gente doida na sociedade. Ou talvez não; 1% de pessoas que enxergam a ditadura brasileira com olhos sociopatas não são a maioria da sociedade. Mas conseguem colocar o Jair Bolsonaro a vociferar contra o pessoal que luta pela memória da Guerrilha do Araguaia (os eleitores do Bolsonaro são capazes de achar a mesma coisa dos eleitores não apenas do PSOL, mas também do Gabeira e, bem, de qualquer eleitor petista).

E, no final, nada pode-se fazer contra Bolsonaro, dentro das regras da democracia representativa, que não seja discordar. É fácil encarar a diferença razoável: a discordância entre quem prefere o verde e quem prefere o azul é tolerável. A discordância entre quem prefere o verde e quem acha que esse negócio de cor preferida é coisa de viado que deveria ser fuzilado (e que, caso vivesse em uma ditadura, alegremente se ofereceria para dar o tiro de misericórdia na viadagem) é muito, muito mais complexa - e veja (m, na remota hipótese de que não apenas eu leio de quando em quando o meu blog): na mente da ultra-direita (e mesmo da direita), a caricatura construída seria algo como "quem acha que esse negócio de cor preferida é coisa de latifundiário que deveria ser decapitado em uma revolução popular [logo, da malta]".

Wednesday, April 08, 2009

Lembrando de uma delas, a mais querida



Você sabia, minha amiga, que muito embora a gente tenha durado pouco - muito pouco (eu não pude te amar como tu me amou) -, que tu é uma das pessoas mais especiais que conheci? Dos momentos especiais da minha vida, guardo aquela noite, engraçada, divertida, constrangedora, em um lugar especial na minha cabeça. E às vezes, às vezes, fico lamentando a distância, aqueles 96 km que impedem, no final das contas, que tu tenha o teu amor (pois tens mais sorte que eu nesse assunto), eu tenha os meus - e que nós tenhamos a amizade um do outro?