Monday, October 12, 2009

Um problema da democracia representativa

A democracia representativa não é perfeita (insira aqui a frase fácil do Churchill sobre a democracia - entendida como democracia representativa - ser o menos pior dos sistemas políticos e blá blá blá).

O diabo dela é que ela, por definição, tem que representar - o quê? Bom, a sociedade, entendida aqui como o total de habitantes que vivem em determinado país, e que recebem (ou deveriam receber) uma certa quantidade de representatividade no poder (da maneira como a sociedade democrática organizou seus poderes, no poder legislativo).

E o diabo, o diabo, é que tem muita gente doida na sociedade. Ou talvez não; 1% de pessoas que enxergam a ditadura brasileira com olhos sociopatas não são a maioria da sociedade. Mas conseguem colocar o Jair Bolsonaro a vociferar contra o pessoal que luta pela memória da Guerrilha do Araguaia (os eleitores do Bolsonaro são capazes de achar a mesma coisa dos eleitores não apenas do PSOL, mas também do Gabeira e, bem, de qualquer eleitor petista).

E, no final, nada pode-se fazer contra Bolsonaro, dentro das regras da democracia representativa, que não seja discordar. É fácil encarar a diferença razoável: a discordância entre quem prefere o verde e quem prefere o azul é tolerável. A discordância entre quem prefere o verde e quem acha que esse negócio de cor preferida é coisa de viado que deveria ser fuzilado (e que, caso vivesse em uma ditadura, alegremente se ofereceria para dar o tiro de misericórdia na viadagem) é muito, muito mais complexa - e veja (m, na remota hipótese de que não apenas eu leio de quando em quando o meu blog): na mente da ultra-direita (e mesmo da direita), a caricatura construída seria algo como "quem acha que esse negócio de cor preferida é coisa de latifundiário que deveria ser decapitado em uma revolução popular [logo, da malta]".

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