Thursday, April 15, 2010

Sobre o amor

"Você já amou?"

"Pode ser."

"Não é horrível?"

"Como assim?"

"Você fica tão vulnerável. Abre o peito e o coração. Qualquer um pode entrar e bagunçar tudo. Você constrói tantas defesas. Passa anos construindo uma blindagem completa para que nada te possa machucar, até que uma pessoa idiota, igual a qualquer outra pessoa idiota, aparece na sua vida idiota... Você dá a essa pessoa um pedaço seu. E ela nem pediu. Certo dia, ela faz alguma bobagem como te beijar, sorrir para você, e então sua vida não é mais sua. O amor faz reféns. Entra em você. Corrói você por dentro e te deixa chorando no escuro, de modo que uma frase simples como 'melhor continuarmos só amigos' ou 'mas que perspicaz' vira um caco de vidro que se enterra no coração."

"Que pitoresco."

"Dói. Não só na imaginação. Não só na mente. Dói na alma. No corpo, rasga você por dentro. Nada deveria ter esse poder. Principalmente o amor. Odeio o amor."

"Acho que preferia quando você reclamava estoicamente de não sentir nada, minha neta."

- Neil Gaiman, Sandman, Entes Queridos.

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